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Avaliando a Avaliação Nacional de Vinhos em São Paulo

Impressões sobre o braço paulista do evento

Marcos Pivetta/www.jornaldovinho.com.br*

09/12/2006

Se não foi um sucesso estrondoso, a porção paulistana da XIV Avaliação Nacional de Vinhos também não fez feio. Em São Paulo, a degustação dos 16 vinhos mais representativos da safra 2006, que ocorreu em 23 de setembro de forma simultânea ao evento principal em Bento Gonçalves, aconteceu num salão do Hotel Transamérica. Por se tratar de um programa para uma manhã de sábado, que obrigava o interessado a se deslocar a um ponto relativamente afastado da capital paulista (o Transamérica, cinco estrelas preferido do circo da Fórmula 1, fica ao lado do autódromo de Interlagos, distante das áreas mais centrais), a avaliação até que atraiu um público bem razoável, cerca de 200 pessoas, talvez um pouco mais. Mas é forçoso reconhecer: pelo menos um terço dos lugares destinados ao público não foram ocupados. Por que o evento não lotou? Uma soma de fatores pode ter contribuído para que algumas cadeiras tenham permanecido vazias: o ineditismo do evento, realizado pela primeira vez também em São Paulo; o horário e a localização da degustação; e o valor da entrada, R$ 250.

Nada disso tirou o brilho da Avaliação em São Paulo, que apresentou pontos positivos. A organização foi boa. O sistema de transmissão simultânea dos dois braços da avaliação, ligando ao vivo Bento Gonçalves e a capital paulista, funcionou a contento. Os vinhos, em especial os tintos, eram realmente interessantes. Algumas pessoas estranharam o fato de haver apenas duas taças à disposição dos degustadores da platéia, uma para o espumante e outra para os demais. A escassez de recipientes realmente provocava um inconveniente: era preciso se livrar rapidamente de um vinho a fim de abrir espaço, no mesmo copo, para o seguinte. Mas, numa de degustação de tal porte, talvez seja realmente impossível providenciar uma taça por vinho. Outra queixa comum foi a de que o evento se estendeu um pouco mais da conta. Alguns jurados falaram, falaram, falaram – e quase se esqueceram de externar algumas palavras sobre o vinho que havia sido escolhido justamente para ser alvo de seus comentários. Nada grave. No entanto, seria recomendável a organização do evento dar um toque para os jurados serem mais objetivos. Numa degustação, as estrelas devem ser os vinhos … Enfim, houve pequenos percalços, mas que venha a XV Avaliação Nacional de Vinhos em 2007. Com um braço em São Paulo (e em outras capitais), se possível.

Os vinhos – Dos 16 vinhos servidos (um vinho base para espumantes, sete brancos e oito tintos), o destaque ficou, sem dúvida, com os últimos. Embora um ou outro branco até que tenha se mostrado interessante, como o Chardonnay da Pizzato, os tintos se sobressaíram. Os meus preferidos: o Syrah, muito aromático e concentrado, da Villa Francioni; o Merlot da Miolo; o Tannat da Salton; o Carmenère da Vinícola Perini; e o Cabernet Sauvignon da Vinícola da Paz.

*Uma versão ligeiramente menor desta matéria foi originalmente publicada na edição de outubro de 2006 do jornal Bon Vivant

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