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O primeiro vinho medicinal

Antigos egípcios colocavam ervas e resinas de árvores na bebida há mais de 5 mil anos para tratar doenças

Marcos Pivetta/www.jornaldovinho.com.br

13/04/2009

Desenho, feito pelo Instituto Arqueológico Alemão do Cairo, da jarra de mais de 5 mil anos que continha vinho e ervas (Foto: Reprodução)

Os antigos egípcios já misturavam ervas e resinas de árvores no vinho e o bebiam com fins medicinais há mais de 5 mil anos. Análises químicas mostraram que vestígios de ácido tartárico e tartarato (marcadores moleculares que indicam a presença de um fermentado de uvas), de bálsamo, coentro, menta, sálvia e resina de pinho foram encontrados no interior de uma jarra de vinho resgatada da tumba do faraó Scorpion I, que remonta ao ano 3. 150 a.C, um dos primeiros senhores do rio Nilo. Essa prática medicinal foi provavelmente usada durante milênios, visto que também foi confirmada a presença de resina de pinho e alecrim numa ânfora oriunda do sítio de Gebel Adda, no sudeste do Egito, com idade estimada entre entre os séculos IV e VI d.C. Ou seja, cerca de 3 500 anos depois da morte do faraó.

A descoberta foi feita pela equipe do pesquisador Patrick E. McGovern, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, talvez o principal arqueólogo das bebidas fermentadas. Descrito num artigo publicado na revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) que circula nesta semana, o achado indica que a grande civilização que floresceu ao redor do Nilo já usava compostos orgânicos em sua farmacopeia ao menos mil anos antes do que se acreditava. Até a confirmação da existência de partes de vegetais adicionadas ao vinho do faraó Scorpion I (Escorpião I), a referência mais antiga ao emprego de ervas medicinais pelos egípcios era um papiro do ano 1.850 a.C.

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