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O vinho voltou a ser a estrela da Expovinis

Feira de 2008 deixou os problemas da edição passada para trás e focou mais nos profissionais do setor

Marcos Pivetta/www.jornaldovinho.com.br*

17/05/2008

Depois da escolha infeliz do ano passado, quando foi realizada num lugar sem climatização, a Expovinis acertou a mão ao se transferir para o Transamérica Expo Center, um local para eventos situado ao lado de um hotel cinco estrelas da cidade de São Paulo e com muitas vagas para estacionamento. Neste ano, em sua 12ª edição, a maior feira de vinhos do Brasil, que ocorreu entre 28 e 30 de abril, não teve como marca registrada expositores e consumidores suando em bicas e problemas na hora de parar o carro. Melhor assim. A estrela do evento voltou a ser o vinho. “Consolidamos a Expovinis Brasil como o principal meeting para grandes negócios e lançamentos de vinhos no Brasil e na América Latina, apresentando o melhor da vitivinicultura mundial”, disse Domingos Meirelles, diretor da feira.

A julgar pelo movimento entre os stands dos expositores e pelos dados oficiais da feira, a Expovinis 2008 atraiu um público um pouco menor do que em sua versão anterior. Os organizadores falaram em mais de 15 mil visitantes passeando pelos 260 stands montados na edição deste ano. Em 2007, esse número girou em torno de 20 mil pessoas. Dois fatores podem ter contribuído para uma pequena redução no número de visitantes: o Transamérica Expo Center é mais longe da área central da capital paulista do que o Parque do Ibirapuera, onde teve lugar a feira de 2007; e o evento, desta vez, parece ter sido mais voltado para os profissionais do setor do que para o consumidor em geral.

Em relação às últimas edições da Expovinis, a presença de produtores portugueses, embora ainda grande, foi mais discreta entre os expositores. Uma matéria da agência portuguesa de notícias Lusa publicada no último dia da feira atestou que o número de produtores portugueses se reduziu pela metade na feira de 2008. Parecem que nossos patrícios, que hoje são o terceiro maior fornecedor de vinhos importados ao Brasil (atrás apenas de Chile e Argentina), acham que já estão com sua posição consolidada no mercado verde-e-amarelo … Enquanto isso, a França e a Espanha fizeram boa figura, com stands específicos de algumas de suas regiões, como Provença e Castilla-La Mancha. A Argentina também não se descuidou e compareceu com muitos produtores. Dos grandes países produtores de vinho, a Itália, numa atitude que já está virando tradição, foi a grande ausente. Também não estiveram na feira as maiores importadoras com Brasil (Mistral, Expand e World Wine/La Pastina), que, nos últimos anos, têm optado por realizar eventos menores e mais seletos para divulgar seus produtos. Em compensação, algumas pequenas e novas importadoras, como a Ana Import, de Bahia, e a Cantu, do Paraná, expuseram seus rótulos aos visitantes.

Desta vez, a produção brasileira esteve realmente bem representada de norte a sul. As vinícolas do Vale do São Francisco se uniram e fizeram um stand para divulgar seus tintos e brancos do semi-árido nordestino. Os produtores de Santa Catarina novamente fincaram sua bandeira na feira, com alguns bons e novos produtores. E muitas vinícolas gaúchas que não tinham stand próprio puderam expor seus produtos num espaço coletivo com outros produtores do estado. Aliás, quem percorreu esse stand pôde provar dois vinhos que foram escolhidos entre os Top Ten da Expovinis, um tinto da Marson e um branco da Cordilheira de Santana (veja texto sobre a premiação). Por fim, para promover o que talvez seja o mais competitivo produto nacional, havia ainda o Brazilian Sparkling Lounge, um espaço para receber vips e degustar os espumantes nacionais. Uma boa idéia, sem dúvida.

TOP TEN

Pela terceira vez na história da Expovinis, houve a escolha dos chamados Top Ten, os dez rótulos que venceram uma degustação às cegas que envolveu 157 vinhos, divididos em dez categorias, e um júri de 13 pessoas, composto de críticos, jornalistas e sommeliers do Brasil e do exterior. A organização do concurso, para o qual cada expositor da feira pôde indicar 2 vinhos, foi mais inteligente do que em suas versões anteriores. Na verdade, os jurados provaram os vinhos inscritos no final de semana anterior ao início da feira, e os vencedores da degustação foram divulgados já no primeiro dia da Expovinis. Dessa forma, os visitantes tiveram mais tempo de percorrer os stands dos produtores agraciados com a honraria e provar, ali mesmo, os Top Ten. Nas edições anteriores do concurso, o nome dos vencedores era divulgado no último dia da feira, perto do apagar das luzes.

Três vinhos brasileiros ficaram entre os Top Ten, que, como também já está virando tradição, foram novamente onze, a exemplo do ano passado. A escolha do básico Rio Sol 2006, um blend de Syrah e Cabernet Sauvignon, como o melhor tinto nacional foi a grande surpresa – e polêmica, para alguns – do concurso. Também em primeiro lugar, empatado com o Rio Sol, apareceu o Marson Gran Reserva Cabernet Sauvigon 2004. O título de melhor Chardonnay foi para o Cordilhera de Sant’Ana Reserva Especial 2005 . Segue a lista dos vencedores por categorias, com destaque para a zona/país de origem do vinho e seu respectivo produtor e importador (quando for o caso):

Espumantes
Champagne Drappier La Grande Sendrée 2000 – Drappier (França) – Importadora Zahil

Brancos de Sauvignon Blanc Casa del Bosque Reserva 2007 – Casa del Bosque – Vale Casablanca/Chile – Obra Prima

Brancos de Chardonnay Cordilhera de Sant’Ana Reserva Especial 2005 – Cordilheira de Sant’Ana – Campanha/Brasil

Brancos de outras castas Petaluma Riesling Clare Valley 2005 – Petaluma – Clare Valley/Austrália – KMM

Rosés
Château de Pourcieux 2007 – Château de Pourcieux – Côtes de Provence/França – Vins de Provence

Tintos nacionais
Rio Sol Cabernet Sauvignon/Syrah 2006 – Vitivinícola Santa Maria – Vale do São Francisco – Pernambuco

Marson Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2004 – Marson – Coitiporã/Rio Grande do Sul

Tintos de casta bordalesas Urano C.S. 2006 – B Eral Bravo – Mendoza/Argentina – Pro Mendoza

Tintos do Novo Mundo Kilikanoon Covenant Shiraz 2004 – Kilikanoon – Clare Valley/Austrália – Decanter

Tinto do Velho Mundo Quinta Nova Grande Reserva Ouro 2005 – Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo – Douro/Portugal – Vinea Store

Vinhos doces e fortificados Grandjó Late Harvest 2005 – Real Cia Velha – Douro/Portugal – Barrinhas

*Esta matéria foi originalmente publicada na edição de maio de 2008 do jornal Bon Vivant

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