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Un Miolô, s’il vous plaît

Guia francês de barganhas recomenda vinho brasileiro

Marcos Pivetta/www.jornaldovinho.com.br

27/05/2006
Quinta do Seival Castas Portuguesas 2003: “nariz é ligeiramente defumado por uma madeira elegante”, segundo Le Guide des Meilleurs Vins à Petits Prix (Foto: Divulgação)

“Um tinto realmente a ser descoberto neste ano do Brasil. Ele surpreenderá seus amigos! A cor é densa, o nariz é ligeiramente defumado por uma madeira elegante. Encontramos na boca notas aromáticas de uma Pinot Noir muito madura misturada a uma Syrah do Vale do Rhône setentrional.” Nesses termos, os jornalistas Antoine Gerbelle e Philippe Maurange, membros do comitê de degustação da mais famosa publicação francesa de vinhos, La Revue du Vin de France, descrevem um vinho da Miolo, o Quinta do Seival Castas Portuguesas 2003, na edição de 2006 de seu guia, cuja proposta é indicar as melhores barganhas, bons vinhos a bons preços, à venda na terra de Pasteur. Como não poderia deixar de ser, a obra, intitulada Le Guide des Meilleurs Vins à Petits Prix, enfoca basicamente rótulos franceses para o dia-a-dia. De cada uma das principais zonas gaulesas de produção vinícola, os autores selecionaram mais de 1500 boas garrafas, com preços que começam em 2,5 euros e terminam em 17 euros. Numa prova de que os franceses estão se abrindo aos vinhos do exterior, 70 vinhos estrangeiros foram incluídos no guia. E, entre eles, o tinto brasileiro.

É possível que a escolha do vinho da Miolo reflita a vontade de Gerbelle e Maurange de incluir alguns rótulos exóticos (para um francês) em seu guia. Com certeza, o fato de 2005 ter sido o ano do Brasil na França também deve ter influenciado na escolha. Ainda assim, não deixa de ser um reconhecimento para o produto nacional constar da lista de barganhas estrangeiras. Segundo o guia, o Quinta do Seival Castas Portuguesas 2003, que recebeu nota 7,5 de um máximo de 10, custa 14 euros na França, cerca de R$ 40, exatamente o mesmo preço cobrado aqui pelo vinho no site da Miolo. Embora os críticos franceses tenham associado os aromas do vinho brasileiro à Pinot Noir e à Syrah, o rótulo da Miolo, como seu nome indica, não contém essas uvas. É um blend (mistura) em partes iguais de três uvas de origem portuguesa, Touriga Nacional, Alfoucheiro e Tinta Roriz (na Espanha, chamada de Tempranillo). As uvas do Castas Portuguesas são oriundas da região da Campanha, mais precisamente do município gaúcho de Candiota, onde fica a Estância Fortaleza do Seival, propriedade da Miolo. O vinho, que passou dez meses em barricas novas de carvalho francês, foi um dos primeiro da Miolo a contar com a assessoria do mais famoso e polêmico consultor de vinhos do mundo, o francês Michel Rolland.

Entre os vinhos estrangeiros selecionados pelo guia, há alguns rótulos que, apesar de são serem brasileiros, são bem conhecidos por aqui. Alguns vinhos da América do Sul recomendados pelo guia: o uruguaio Pisano RPF Tannat 2003; os argentinos Terrazas Malbec Reserva 2003, Terrazas Cabernet Sauvignon Reserva 2003, Terrazas Alto Malbec 2003, Terrazas Alto Chardonnay 2004, Finca La Celia Reserva Malbec 2002, Finca La Celia Reserva Cabernet Sauvignon 2002 e Argento Chardonnay 2004, Alamos Chardonnay 2003, Alto Las Hormigas Malbec 2002, Alamos Malbec 2003; e os chilenos Santa Helena Reserva Cabernet Sauvigon 2003, Santa Helena Late Harvest 2004 e Gato Negro Cabernet Sauvignon 2003.

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